sábado, 4 de abril de 2015

Há lágrimas nas flores

Já era madrugada quando Ninguém regressou a casa.
Tal como da vez anterior, a janela do quarto estava aberta. Mas desta vez não havia luz...
Mesmo assim, na dúvida, quem sabe, ao entrar em casa chamou Alguém. Mas desta vez ninguém respondeu.
Na entrada, as flores de despedida que 24 horas antes dedicara a Alguém estranhamente haviam murchado. E no pequenino copo, em cima da mesa da cozinha, aquelas pequeninas violetas que vicejavam alegres poucas horas antes haviam murchado também, assim, simultaneamente, todas, mesmo aqueles botões que ainda nem sequer tinham aberto.

Apenas aquela Rosa, na mesinha de cabeceira do quarto, continua intata.
Na casa tudo permanece como há mais de 24 horas: o «sistema» de gravação de vídeo mais que improvisado na mesa da sala, como se a voz de Alguém em qualquer momento fosse voltar a chamar «Está pronto!», as roupas espalhadas no quarto, os livros, os papéis, tudo está na mesma, como se Alguém fosse voltar a qualquer momento... Mas há lágrimas de dor nas flores do pequeno canteiro em frente à casa, e também no rosto e na Alma de Ninguém, lágrimas que apenas Alguém pode enxugar.

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